Meadas

De um lado, ela no desembaraço dos cabelos molhados.
A água deixa os fios insistentes entre os dedos, requer paciência para retirar, gentileza ao aplicá-los sobre o azulejo gotejado do banho.

Do outro ele, nos desembaraços imaginativos. Os cabelos sobre os azulejos secariam, a impermanência fora resolvida com fotos, assim deter-se diante para contemplar formas e tecer possíveis enredos poderia ir além do tempo viável de um banho.

Em comum, a troca silenciosa sem que um soubesse um do outro. O silêncio servia de germinação, ambos desejavam ressignificar os cabelos emaranhados. Os fios sugerem formas, embora nunca óbvias ou intencionais. Começavam os exercícios associativos, partidas para o tear e tecer de tantos fios.